"Ele sabe, que ninguém sabe, em que azul ocultas, teu absurdo." Maria Esther Maciel
quinta-feira, 28 de abril de 2011
(Proust) Por vezes toma-me uma idéia: ponho-me a escrutar longamente o corpo amado (tal como o narrador, diante do sono de Albertina. Escrutar quer dizer vasculhar: vasculho o corpo do outro, como se quisesse ver o que há dentro, como se a causa mecânica de meu desejo estivesse no corpo adverso (sou como aqueles meninos que desmontam um despertador para saber o que é o tempo). Essa operação se conduz de um modo frio e espantado; estou calmo, atento, como se estivesse diante de um inseto estranho, do qual bruscamente não tenho mais medo. Certas partes do corpo são particularmente próprias a esta observação: os cílios, as unhas, o nascimento dos cabelos, os objetos muito parciais. É evidente que estou, então, fetichizando um morto. Prova disso é que, se o corpo que escruto sai de sua inércia, se se põe a fazer alguma coisa, meu desejo muda; se, por exemplo, vejo o outro pensar, meu desejo deixa de ser perverso, volta a ser imaginário, volto para uma Imagem, para um Todo: de novo, amo.
(Eu via tudo de seu rosto, tudo de seu corpo, friamente: seus cílios, a unha de seu artelho, a fineza de suas sobrancelhas, de seus lábios, o esmalte de seus olhos, tal pinta, um modo de estender os dedos fumando; eu estava fascinado – a fascinação não é em suma, senão a extremidade do distanciamento – por essa espécie de estatueta colorida, como que de faiança, vitrificada, em que eu podia ler, sem nada entender, a causa de meu desejo)"
FRAGMENTOS DE UM DISCURSO AMOROSO
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Quando vi seu corpo nu,quando a ultima peça de sua roupa se jogou de encontro o chão ,quando então voce me olhou por inteiro,eu te vi caminhando sem pressa em minha direção.Parado no meio da savana,via seus passos decididos afundando na relva,sabendo que eu não podia escapar.Deitado contra o chão do meu quarto,vi cada vez mais voce se aproximar,seu corpo se encostou ao meu,eu senti tudo ,seu perfume,a textura de sua pele,seus olhos que eu ja conhecia,mas nunca os tinha visto tão meus,sua boca,me tirou o ar,voce apenas com um golpe arrancou meu coração,eu ainda tentei escapar,e com vigor te penetrei com mimha lança,sua pele arrepiou-se,e seu grito me congelou a vida,o ar que estava ao meu redor embaçou os vidros de minha alma,eu de caçador me vi sem armas.Seu sorriso de tigresa me falou junto ao meu corpo molhado de paixão.Vem!
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