"Ele sabe, que ninguém sabe, em que azul ocultas, teu absurdo." Maria Esther Maciel
domingo, 23 de janeiro de 2011
ESPELHO DE MARIA
Amélia,
que não era Maria,
pela janela via seus sonhos voar.
Imaginava, Maria,
poder o mundo mudar.
Falava, Amélia,verdades
com a ponta do pincel sobre o papel.
Inventava, as Marias,
imagens de uma realidade surreal.
Amélia, que era mulher de verdade,
guiava Maria, que era criança de fato.
Para Maria e Amelia do Santiago.
Hélcio Santiago
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
Só mais três quarteirões,
tudo pelo prazer
de passar em frente ao palácio.
Os barbudos de camisa xadrez
decidem pelo sim, pelo não,
a direção de um simples
caminhar, pelo sorriso
da menina bonita,
que passa com
olhar Drummond
pela esquina lado b
da janela meio aberta
do seu olhar,
num adjetivo primário
apenas de passar.
Seguindo infausta
lira de si mesma
num contaminar de dúvidas
que nos sequestram
tudo o que há de esquisito
lá dentro de nós,
através de olhos
enferrujados
de tanto perseguir
respostas borboletas,
que sempre teimam
em voar onde
não conseguimos ler.
Maria Amélia.
Da infância
Fui deixando cair as petecas
que guardavam meus peixes.
Fui vendo escapar as moedas
que niquelavam os domingos.
Fui perdendo meus dentes-de-leite
e o gesto de fazer borboletas.
Entretanto, ainda estou a caminho
daqueles garranchos de chão.
Qualquer coisa
que entala de branco
e machuca sem voz.
Jorge Tufic
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
"Liubliú"
AMO
..................À Lila Brik
COMUMENTE É ASSIM
. Cada um ao nascer
traz sua dose de amor,
mas os empregos,
o dinheiro,
tudo isso,
nos resseca o solo do coração.
Sobre o coração levamos o corpo,
sobre o corpo a camisa,
mas isto é pouco.
alguém
imbecilmente
inventou os punhos
e sobre os peitos
fez correr o amido de engomar.
Quando velhos se arrependem.
A mulher se pinta.
O homem faz ginástica
pelo sistema Muller.
Mas é tarde.
A pele enche-se de rugas.
O amor floresce,
floresce,
e depois desfolha.
Vladímir Maiakóvski
Ironia
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Reflexão
Espalhei-me tanto...que já não posso mais me recolher. isto é bom; muito bom.
Aguinaldo da Costa
Aguinaldo da Costa
http://www.ebookcult.com.br/acervo/download.php?L=269&idu=288
"No discurso que hoje eu devo fazer, e nos que aqui terei de fazer, durante anos talvez, gostaria de neles poder entrar sem se dar por isso. Em vez de tomar a palavra, gostaria de estar à sua mercê e de ser levado muito para lá de todo o começo possível. Preferiria dar-me conta de que, no momento de falar, uma voz sem nome me precedia desde há muito: bastar-me-ia assim deixá-la ir, prosseguir a frase, alojar-me, sem que ninguém se apercebesse, nos seus interstícios, como se ela me tivesse acenado, ao manter-se, um instante, em suspenso. Assim não haveria começo; e em vez de ser aquele de onde o discurso sai, estaria antes no acaso do seu curso, uma pequena lacuna, o ponto do seu possível desaparecimento..."
domingo, 9 de janeiro de 2011
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