"Ele sabe, que ninguém sabe, em que azul ocultas, teu absurdo." Maria Esther Maciel
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
"Liubliú"
AMO
..................À Lila Brik
COMUMENTE É ASSIM
. Cada um ao nascer
traz sua dose de amor,
mas os empregos,
o dinheiro,
tudo isso,
nos resseca o solo do coração.
Sobre o coração levamos o corpo,
sobre o corpo a camisa,
mas isto é pouco.
alguém
imbecilmente
inventou os punhos
e sobre os peitos
fez correr o amido de engomar.
Quando velhos se arrependem.
A mulher se pinta.
O homem faz ginástica
pelo sistema Muller.
Mas é tarde.
A pele enche-se de rugas.
O amor floresce,
floresce,
e depois desfolha.
Vladímir Maiakóvski
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ResponderExcluirVladímir Maiakóvski matou-se no dia 14 de abril de 1930 e deixou um bilhete que dizia:
ResponderExcluir"A todos
De minha morte não acusem ninguém, por favor, não façam fofocas. O defunto odiava isso.Mãe, irmãs e companheiros, me desculpem, este não é o melhor método (não recomendo a ninguém), mas não tenho saída.Lília, ame-me.Ao governo: minha família são Lília Brik, minha mãe, minhas irmãs e Verônica Vitoldovna Polonskaia.Caso torne a vida delas suportável, obrigado.Os poemas inacabados entreguem aos Brik, eles saberão o que fazer.
Como dizem:
caso encerrado,
O barco do amor
espatifou-se na rotina.
Acertei as contas com a vida
inútil a lista
de dores,
desgraças
e mágoas mútuas.
Felicidade para quem fica”.
Maiakowski teve três mulheres em sua vida: Lilia Brik, Veronika (Nora) Polônskaia e Tatiana Iácovlieva. Quis casar com Tatiana, uma russa, mas não o fez. Também quis casar com Nora, mas ela não aceitou. Viveu com Lilia e com o marido dela, caso que estarreceu a sociedade e que foi batizado, ocidentalmente, de ménage à trois e, pela própria Lilia, de "uma ideologia amorosa", fundamentada no livro de Tchernichévski - Que fazer? - que pregava a não possessividade entre marido e mulher.
O caso teria acontecido mais ou menos assim, como narrado no livro I LOVE, the story of Vladimir Maikaovski and Lilia Brik, de autoria dos norte-americanos Ann e Samuel Carters, que passaram sete anos na Rússia bisbilhotando tudo a respeito desse outro lado da vida do poeta: Lilia era casada com Ossip Brik, crítico literário, e ambos vieram a conhecer Maiakovski quando este procurava um quarto para alugar. Passando a morar com o casal, os três tornaram-se muito amigos. Lilia e Maiakovski apaixonaram-se um pelo outro. Contaram a Ossip, que não viu motivos para deixar a casa. E continuaram a viver os três sob o mesmo teto.
Lilia foi "a mulher" na vida de Maiakovski, aquela para quem ele ofereceu poemas, aquela que recebeu o que viria a ser conhecido como "poema concreto": um anel, gravado com as iniciais de seu nome - L - I - UB - que, ordenadas de forma circular, formavam a palavra LIUBLIU (AMO).
“Maiakovski, o poeta da revolução”, de autoria de Aleksandr Mikhailov e tradução de Zoia Prestes, é uma obra impressionante. Imperdível. Que nos faz pensar com profundidade nos ideais humanos e na árdua batalha para colocá-los em prática, sem abdicar de si mesmo.